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Em que consiste a vitimologia?
Professora Ana Isabel Sani: (...)vitimologia é o estudo da vítima, nas suas diversas vertentes, quer na sua vertente individual, quer na sua vertente social. É através do estudo de diferentes tipos de perspectivas teóricas que é possível fazer-se uma melhor leitura do porquê de determinados grupos estarem mais sujeitos ao fenómeno de vitimação do que outros. A vitimologia inclui também o estudo de programas de intervenção e de como podemos prevenir e combater o fenómeno.
Qual o contributo desta disciplina para a investigação criminal?
Professora Ana Isabel Sani: [...] A vitimologia permite-nos perceber o crime através da análise da relação que existe entre (...)o ofensor, a vitima e perceber se há alguma ligação entre ambos (… ) o estudo da vitimologia passa também por perceber (...)que factores podem eventualmente explicar a maior ou menor visibilidade de determinados crimes(..)
Disse-nos à pouco que tinha tirado mestrado em ciências forenses. Poderia falar-nos um pouco sobre isso?
Professora Madalena Oliveira: Em primeiro lugar (...) queria deixar bem presente que não estamos a falar de crime sobre investigação, de CSI’s, estamos numa realidade completamente distinta, e que se faz aqui em Portugal, nós aqui demoramos meio ano ou mais a resolver um caso, isto quando se resolvem.
Professora Ana Isabel Sani: Quando estamos a falar em Ciências Forenses, estamos a falar de tudo aquilo que o tribunal nos possa pedir. Assim, a vitimologia, e todas estas diferentes disciplinas podem dar o seu contributo para a decisão final do tribunal. E isto não significa que ciências forenses sejam o mesmo que crime, por exemplo podemos falar de situações de regulação do poder paternal ou em situações de adopção de crianças. Tudo isto está relacionado com ciências forenses, recorre ao tribunal, mas não tem a ver com crime. Não há ofensor ou vítima, mas sim um conflito entre partes.
Agora relativamente à disciplina de perspectivas sociológicas do crime. Em que consiste esta disciplina e em que difere dos outros dois tipos de perspectivas de estudo (biológicas e psicológicas)?
Quando se começou a estudar o fenómeno criminal, as primeiras teorias que apareceram foram as biológicas, tentavam explicar que o crime era um fenómeno natural e que havia pessoas que já nasciam com tendência para o crime e dentro disso, desenvolveram-se outras teorias, como as de que determinado tipo de hormonas influenciaria o comportamento que favoreciam o crime.
As perspectivas psicológicas resultaram da evolução histórica e da percepção de que alguns crimes não resultavam só da vertente biológica, mas também da motivação da pessoa, e começou-se a tentar estudar o indivíduo internamente, tentando ver se eram fenómenos psicológicos ou se eram questões de patologia.
E depois apareceram as perspectivas sociológicas, em que a certa altura se começa a perceber que a própria sociedade ou o modo como a sociedade esta organizada pode potenciar o crime, como as desigualdades sociais. Portanto aquilo que e dado pelas perspectivas sociológicas é um pouco a componente de que diferenças de género que podem potenciar o crime, diferenças de estatuto social e económico podem influenciar o crime, se a sociedade for desorganizada pode potenciar o crime. Por exemplo, tenta-se explicar porque que as classes mais desfavorecidas são mais propícias a comete-lo.
Queríamos deixar o nosso agradecimento a estas duas Professoras que foram muito prestáveis.
Querer conhecer é o primeiro passo para a construção de conhecimento. Divulgar é outro.
ResponderEliminarO meu comentário quer somente premiar a vossa vontade em saber e em saber fazer.
"Os professores abrem a porta para o conhecimento; resta aos alunos entrar."
ResponderEliminarÉ de professores como estes que os alunos precisam.
Mais uma vez, o nosso sincero obrigado às professora Ana Sani e Madalena Oliveira.